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domingo, 11 de outubro de 2015

O TANGO E A MOCHILA


O Tango fez parte das nossas vidas por muitos anos, e nos trouxe muitas coisas boas: amigos irmãos, afilhados, e viagens...
Sim, foi pelo Tango que nos aventuramos numa viagem por conta, pela primeira vez...


                                                       
Primeiro Tango - 2003



Num dia qualquer, do ano de 2007, resolvi perguntar ao meu marido, Gabriel, e meu professor de dança de salão, se ele queria ir a Buenos Aires, estudar o Tango com quem mais conhece!
Ele me disse que era um sonho, fiz o convite, mas com a condição de ser Mochila.
Ele topou e confiou...
Uma viagem de 12 dias, para ter aulas de tango, num país vizinho, mas diferente, falando outra língua, e numa capital enorme, e nós nem conhecíamos São Paulo ainda!
Tudo podia parecer assustador, mas eu estudei, muito...muito mesmo, de abril /2007 até a viagem, em fevereiro/2008.
Vacinas, identidade com menos de 10 anos de expedição, reserva de Hostel ( hospedagem que nunca tínhamos tentado), mapas do Subte, dos Pontos turísiticos, dos pontos desconhecidos, locais de aula de Tango, da moeda, do câmbio... e eu montei um verdadeiro arsenal  de informações, afinal de contas não seria nada interessante se perder num Pais estranho, mesmo sendo a  vizinha Argentina.

Saímos de Porto Alegre num voo da Gol, nossa primeira viagem de avião!! O medo de perder o voo era tanto que chegamos umas 12 h antes do checkin. Deixamos o carro no estacionamento do aeroporto, que na época já era caro, mas em se tratando dos horários de voo era a opção que tínhamos, visto que morávamos na serra.

Aeroporto de Porto Alegre (2008)

Carinhas de cansaço, por aguardar 12h pelo embarque! (2008)


Combinei o transfer com o Hostel, pois o aeroporto de Buenos Aires (Ezeiza) ficava há 30 km do bairro que escolhemos ficar, San Telmo, o berço do Tango argentino.
Na época levamos uma pequena porção de pesos argentinos ( moeda local), e o restante em dólar, pois valia a pena,trocar o  dólar pela moeda local direto nas casas de câmbio do centro da capital.

Em 2008, dizia-se que o brasileiro era 30% mais rico passeando na Argentina!!! Mas é sempre bom ter em mente o cálculo dessa transação, para não se confundir nos preços. Alguns lojistas aceitam as 3 moedas, mas aproveitam para lograr os inocentes turistas que não se dão o trabalho de entender que 100 pesos argentinos, não são 100 dólares americanos! Chegamos a ver essa cena em uma feira de artesanato, lamentável!

Nossa escolha  foi o Telmotango Hostel (http://www.hostelmotango.com/index.php), mas há vários estilos de Hostels em Buenos Aires.
Nossa opção, por ser a primeira vez nesse tipo de hospedagem, foi o quarto para casal com banheiro privativo. A diferença para um Hotel ou Pousada era a ausência de algumas comodidades no quarto, como frigobar, ar condicionado e tv, mas atendeu muito bem nossas expectativas!



O Hostel era um casario destes antigos, mas muito bonito, com área ao ar livre, onde aconteciam as aulas de Tango com o professor Luis. 









Além das aulas também fomos em busca de um baile, como nós chamamos em bom gauchês um encontro dançante, para os Argentinos, uma Milonga. E nas minhas pesquisas a escolha foi a Milonga Nino Bien.

Fa-bu-lo-so!!!!!

Eu não descolei da cadeira...pois é, me neguei em colocar os pés na pista, seria um fiasco!!
Era como se as pessoas flutuassem, dançavam de olhos fechados e não se esbarravam em uma pista lotada...sentiam a música, viviam o ritmo, de uma forma tão natural quanto respirar!

Fa-bu-lo-so!!!!

Um convite para dança, um respirar profundo, um dançar de almas... depois uma música de intervalo para trocar os pares, ou descansar, ou conhecer " su pareja de baile", e outra dança...
O vídeo não é meu, mas traduz tudo o que eu escrevi!

                                                            Milonga Nino Bien

Logo na entrada, a gente pensou, vai custar uma paulada, e tamanho foi nosso espanto, que a entrada custava 1/3 de uma entrada de uma boate meia boca, porém com muito luxo.
E muito respeito, principalmente pela dança, os sapatos de dança femininos ou masculinos vinham em sacolinhas ou mochilas, lindíssimos! Dando entender que eram unicamente para dança, como uma homenagem a pista que os veriam flutuar.

Foi uma das melhores experiências no mundo da Dança que eu já tive, nunca trocaria por um show famoso de Tango, onde todos os turistas babam pelo cavalo que dança tango, ou pelo show estilizado e luxuoso que não corresponde a realidade do verdadeiro Tango Argentino.

Interessante pensar que, um ritmo que nasceu nas periferias, que foi profano, dançado apenas nos guetos, ou por prostitutas, um dia é aceito pela alta sociedade e por que alguém da realeza francesa gostou do ritmo...e então depois de seu ápice, suas transformações, ele passa a ser a identidade de um povo, e ajuda assim a movimentar financeiramente um País.

E foi por esse Tango que quebramos nossos paradigmas, que fugimos daquelas viagens caras e fechadas, que enfrentamos os medos, as dúvidas... foi pelo Tango!
Foi o Tango que nos fez encontrar nosso lado Mochileiro, por que depois da Argentina, não haveriam mais limites
O Tango me fez ver o quanto era apaixonante montar uma viagem, me fez entender o quanto eu gostava de viajar!!!

E foi aí que eu descobri que além de um par para dançar um Tango eu tinha arrumado um par para a minha Mochila!!!

Essa foi nossa primeira viagem... a primeira de muitas!
















  







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